sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Roger Randle, da Universidade de Oklahoma - EUA, fala aos jornalistas da EGP e da ABM


Nesta quinta-feira (29), o diretor do Centro de Estudos em Democracia e Cultura da Universidade de Oklahoma – Estados Unidos, Rodger Randle, falou aos jornalistas da ABM e da EGP sobre municipalismo, associações, diferenças e semelhanças no sistema político do Brasil e dos Estados Unidos e até mesmo sobre uma possível cooperação entre EGP e o Centro que dirige na Universidade de Oklahoma. Na foto, Randle segura uma publicação do Programa Educidades, junto ao Secretário Geral da ABM e Coordenador Nacional da EGP, José Carlos Rassier.

Segue a íntegra da entrevista.

Dr. Randle, por gentileza, comente um pouco do trabalho que o senhor exerce no Centro de Estudos em Democracia e Cultura da Universidade de Oklahoma.

Primeiramente, digo que é a universidade mais importante do estado de Oklahoma, que fica ao norte do Texas, na região central dos Estados Unidos. Para os cidadãos de lá, Nova Iorque é um país estrangeiro, algo muito longe de nós. Assim, termos uma visão externa das coisas é complicado, pois Oklahoma é um estado pouco conhecido, até mesmo aqui no Brasil. Meu centro é dedicado a promover uma visão internacional entre os estudantes, professores, entre a própria comunidade de Tulsa. Isto se viabiliza com seminários, palestras, visitantes importantes. O centro visa também a difusão das formas como se dão as políticas públicas. Poucos conhecem o modo de governo, como funciona o sistema, o direito de voto dos cidadãos. As pessoas votam mas não entendem como as forças atuam para criar política no governo.

O senhor pode contar a nós um resumo de sua trajetória política?

Ainda bem jovem, fui eleito membro da Casa de Deputados do Estado de Oklahoma e, depois de dois anos fui eleito senador pelo mesmo Estado. Meu trabalho foi desenvolvido na capital de Oklahoma, um estado quase do tamanho do Uruguai. Fui senador por aproximadamente 17 anos. Fui eleito duas vezes como presidente do Senado, depois fui prefeito da minha cidade, Tulsa, com mais ou menos 400 mil habitantes. Tenho um recorde: mais votos do que qualquer outro prefeito até hoje.

Tem interesse em voltar a ser prefeito?

Não, a vida de um professor é bem mais interessante. E eu até ganho mais (risos). Tulsa é uma cidade tão republicana que a última vez que um Democrata foi prefeito por lá deu-se em 1936. E mesmo assim eu detenho o recorde (risos). As pessoas estão preocupadas com o que o prefeito vai fazer, pouco importando o partido. Nova Iorque, por exemplo, é uma cidade 'bastante' democrata. Nas cidades, a política partidária tem menos importância.

Qual é a sua relação com entidades municipalistas?

Eu fui presidente da Organização dos Municípios do Estado de Oklahoma. É um estado com aproximadamente 300 municípios. É muito importante que as cidades se reúnam para caminhar juntas, porque o sistema nos Estados Unidos é bem distinto do sistema brasileiro. Uma coisa difícil para estrangeiros entenderem do sistema estado-unidense é que cada município tem um sub-sistema próprio. Em Oklahoma, cada município é independente, pode fazer o que quiser, apesar de, às vezes, as leis mandarem coisas a fazer. Assim, o objetivo maior da Organização era representar os interesses dos municípios de Oklahoma, ajudando-os a compartilhar informações, experiências e conhecimento de como as coisas devem ser feitas. Muitas vezes o problema de um município já foi resolvido em outro.

Há uma constituição que defina o que é de responsabilidade de cada ente?

Isso varia entre os estados. Em Oklahoma existe o que chamamos em inglês de “Home Rule”, que quer dizer que cada cidade pode criar seu sistema próprio. Todos têm autonomia. Em Tulsa, por exemplo, existe um sistema semelhante ao das outras cidades, mas não o mesmo.

Como o senhor avalia o papel desempenhado pela ABM aqui no Brasil?

A ABM é mais avançada que as organizações nos Estados Unidos. Há organizações de nível nacional nos Estados Unidos que são boas, mas não tão ativas como a ABM. O trabalho que a ABM faz é mais abrangente que o trabalho desenvolvido lá. Quando fui prefeito, eu era associado à Liga das Cidades, e lá também há a Associação dos Prefeitos. É a promoção da participação e da integração que diferencia a ABM das demais.

Em março de 2010, a EGP e o Centro de Estudos em Democracia e Cultura da Universidade de Oklahoma firmarão um termo de cooperação, envolvendo o Programa Educidades. Qual sua avaliação?

Aqui os municípios precisam de mais ajuda técnica do que lá. Aqui há mais idéias, lá há mais ação. Nesta troca de experiências, acredito que será muito valiosa a cooperação. Espero aprender muito e, se puder ensinar algo também, ficarei mais satisfeito ainda. Admiro muito o trabalho da EGP, é um exemplo perfeito de como deve agir uma associação ou organização de municípios: localizando problemas e ajudando a resolvê-los. Com o tempo, a deficiência técnica é suprida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário